Dizem, e
creio que seja verdade, que pais leitores tornam-se exemplos para os filhos que
também se tornam leitores. Embora minhas primeiras recordações com o mundo das
estórias não seja de meus pais lendo, porque eles não tiveram a oportunidade
que tive de ser alfabetizados. Mesmo assim, sempre contavam estórias para mim e
para meus irmãos, cheias de aventuras e mistérios. E quando chegou o momento de
irmos pra escola, fizeram questão que estudássemos.
E foi lá, naquela escolinha da zona rural junta à minha
professora da primeira série que realmente descobri os livros. Com a série
Cachorrinho Samba que ela lia para os alunos em todo final de aula, e com
Zezinho o Dono da Porquinha Preta, o Primeiro livro que consegui ler
sozinho. Lembro-me com certa utopia desta época, principalmente sei que
todos os livros que li não foram por obrigação, mas por prazer em ler e
acredito que isso fez a diferença para que me tornasse um leitor assíduo.
Certa vez, na sétima série, quando a leitura de livros
tornou-se uma obrigação para ser cobrado em prova, criei coragem e disse para
minha professora de português que não estava gostando de certa obra de Fernando
Sabino para achá-la demasiadamente infantil. Surpresa está teve a sensibilidade
de sugerir e experimentar outras leituras comigo. Acabei me encantando com
Hermann Hesse, e mais tarde redescobri Fernando Sabino em o Grande Mentecapto.
De certa forma tive sorte, e pude descobrir a leitura na
hora certa, e me encantar no momento certo, também no momento certo, aprendi a
ler por obrigação, mas sem traumas e sofrimento. E como professor, não só posso
tentar inspirar meus alunos com tive a oportunidade de ver minha mãe sendo
alfabetizada e descobrindo, muito depois de mim, o mundo que um dia ela me
permitiu descobrir.
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